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Feelings (ou algo do género)

sexta-feira, 23 de maio de 2008


Não sabes quem é.
Sabes apenas que te vais perder nesse corpo - esse pedaço de carne nua.
O corpo é apenas uma linha que se estende,
a pequena curva dos seios, o rosto apagado na penumbra,
a pele lisa que te chama.
O corpo é apenas uma linha que estende os seus braços abertos para ti
e te convida.
Tocas esse corpo
e acende-se nele a luz interior -um fogo que tudo consome e apaga.
O esperma que escorre, a saliva que vai de uma boca a outra boca.
Sentes o grito de prazer travado na garganta
enquanto os corpos se tocam, se chocam e se trocam
e se banham no prazer.
A alegria desaparece com a luz
e tudo mais que te pertence e desaparece no Invisível
- só fica a sede e a loucura
e a mistura venenosa de sensações e do prazer.
E é esse o veneno que te há-de perder - quando descobrires
que o corpo e o tempo te atraiçoam.
O tempo guia-nos em direcções absurdas - faz de nós fantoches.
Acende paixões, sedes e desejos que se apraz depois em apagar
de qualquer maneira - doce ou brutalmente
o tempo lava-se no sangue dos amantes,
e assim se mantém eterno e jovem ditador.
Explosões de sensações.
Corpos arquejantes que descansam.
Descansa o sangue contaminado pelo desejo
- os ossos e os sexos cansados.
Sinto as palavras subirem em mim novamente
queimando-me as veias
desfazendo os ossos
explodindo em luz.

Há uma fronteira que não devemos passar
um espelho que se quebra atrás de nós
e nos impede de voltar.
E de nada serviria tentar recomeçar.

Um rosto voa ao alcance do pensamento
e funde-se no ar límpido da manhã
perdeu-se. Como tantos outros antes
nas ruas brilhantes da memória
- esse labirinto de caminhos que se cruzam
onde se perdem e se encontram os restos de toda uma vida.

Desenho numa parede o meu poema - e os sonhos que ainda tenho
numa tentativa vã de não os perder.
Desperdicei o passado - a única coisa certa e definitiva.
Houve um tempo em que acreditei em sonhos e ilusões
antes da Morte me tocar.

A Morte, dizem, é um fim e um princípio.
Até o prazer é efémero.


1 comentários:

prof.louco disse...

A morte, dizem, é um fim e um principio.
Quem diz isso???
Quem é que já voltou de lá pra dizer o que aquilo é????
Tá mal...


Mas o poema tá excelente.
Força...