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Feelings (ou algo do género)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A madrugada alimenta a chaga que fere a alma
e nada mais parece fazer qualquer sentido.
Longe um do outro o que podemos fazer é lembrar o que passou.

Deitado neste leito branco
vejo o meu espírito levantar-se uma vez mais
e afastar-se de mim.
Vai pelas sombras da noite
em busca da cidade em que te escondes.

Deitado na inquietude dos dias
Viajo pelo deserto das palavras,
dos livros que se amontoam e se cobrem de pó
e dos cadernos em que escrevo palavras vãs,
onde despejo raivas e medos e pesadelos
e a angustia da tua ausência.

Esquecido do valor das coisas.
No silencioso momento do prazer efémero
enquanto os nossos corpos se esvaziam
numa doce traição à memória do amor.

Silenciosos gritos travados nas gargantas.
Garras rasgando o peito em feridas invisíveis.
Uma doce batalha da qual saímos os dois vencidos...
Eu no que sonhei para mim e no que me tornei
tu pelo que foste e já não és...

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