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Feelings (ou algo do género)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

SEGUNDO CÂNTICO

(I)

E escuto e tento falar e compreender e dizer
mas não posso ouvir falar assim.
O poema sobe de tom e ganha alturas
fala dos sonhos e dos planos, do futuro e do passado
dizem que é de mim que falam.Que é minha esta canção,

Não posso - não quero ouvir falar assim.
Como se uma flor ou uma árvore crescesse e eu fosse essa flor ou essa árvore
cheia de cor e folhas, talvez frutos e perfume, brilhando de luz e orvalho...
Mas o que acontecerá quando o Outono chegar...?
Não quero a vida efémera de uma flor
nem tenho a força sublime de uma árvore.
E não quero ouvir falar assim.

(II)
É esta a idade do mundo
quando os mortos se reerguem
e do abismo acenam e conduzem os vivos.
Os dias e os planos estão traçados.

Não sou assim.
O que sou na verdade não o sei
o que tenho são sonhos que o tempo vai gastando.
Arrastado de ilha em ilha por um mar de dias cinzentos
sem porto de abrigo mas longe do abismo.

Sempre longe do abismo...

(III)
Invento novas metáforas,
novos sentidos para as palavras
reflexos de outro eu - talvez melhor.
Não há mais palavras para dizer do que foi
e nada fica de quanto arde.
As chamas devoram os poemas
as cinzas espalha-as o vento
e as memórias gastam-se com os anos.

E não sobra ninguém para falar
para lembrar...

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