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Feelings (ou algo do género)

sábado, 8 de novembro de 2008

Mário Neto Fernandes (11/02/1975 - 05/11/2008)

A morte quando chega não escolhe idades...
A morte quando chega toca-nos a todos de uma forma diferente. Por vezes faz-se anunciar sob a forma de uma qualquer doença. Mas por vezes chega de repente,sem se fazer anunciar. Foi o que aconteceu contigo.

A última vez que estivemos juntos foi já há uns meses, antes de casares e voltares para Angola. A última vez que falamos foi há menos de uma semana quando me telefonaste a dar a noticia: "Vou ser pai" disseste com orgulho.
E agora sou acordado de madrugada com um telefonema da tua mulher a dizer que tiveste um acidente, que morreste num estúpido acidente de carro.
E tudo em que penso é que nunca nos despedimos. E penso na tua mulher que deixou tudo para trás para ir contigo para Angola. E penso nesse filho que nunca vais conhecer... que nunca te vai conhecer.

E em todos nós que estamos aqui, vivos, a chorar por ti. Pela tua ausência que pesa como chumbo, que tem o peso do mundo. E lembro as tardes e as noites em que nos sentávamos a volta de uma mesa e tudo o que fazíamos era falar. De tudo e de nada.
As discussões sem fim. Livros. Politica. Simples ideias e ideais... Religião. Eras o único que acreditava em Deus. Num Deus e hoje dou por mim a desejar que tivesses razão, que todos nós estivéssemos errados. Assim talvez nos tornemos a ver... se nós os hereges, os infiéis, não formos todos parar e passar a eternidade a arder nas chamas do Inferno.

Nunca me despedi de ti. Não como devia...
Adeus então. Até nunca ou até ao dia em que nos encontrarmos de novo para uma eternidade de conversas e discussões.


Adeus

2 comentários:

marianita disse...

Mário e Mario, Deus e Vasconcelos...
O que todos nós vamos lembrar para sempre são as discussões. Todos contra todos em todos os assuntos (menos religião - aí eram todos contra o Mário [Neto]).
Horas de discussões sem fim, sem chegar a uma conclusão, muitas vezes discussões sem sentido... mas sempre com enorme gozo e prazer.
Vou recordar para sempre noites inteiras de conversas sobre Deus e Religião em que o Mário (Neto) quase enlouquecia com os argumentos do Mário (Fabri), as eternas piadas do Vasconcelos e os comentários do Deus.
Voces tinham um prazer do caraças com essas discussões não tinham?
E agora? O que vai ser dessas conversas? o que vai ser da Cláudia e do filho deles?
Quem os vai ajudar a lidar com a dor e a saudade agora que estão longe de todos nós?

sergio disse...

Eu conheci mal o Mário quando comecei a sair com o grupo ele estava quase de partida, de regresso a Luanda e de casamento marcado.
Mesmo assim do pouco que convivi com ele ficou a imagem do "gajo porreiro", por vezes um pouco ingénuo e puro nas ideias.
Era o único do grupo que tinha fé, que acreditava e estava disposto a defender a sua fé. E que discussões que isso originava Mário e Mário (Neto e Fabri) e Deus (João Carlos não o Todo-poderoso) a discutir durante horas por vezes penso que voces: "os hereges", "os ateus", "os impios", e outras coisas do género que ele vos chamou tentavam enerva-lo e irrita-lo pelo prazer que vos dava. Por vezes pensei que o faziam por invejar a fé cega dele (e a é cega nunca me agradou).
Depois percebi que era simplesmente pelo prazer da conversa da troca de ideias e percebi isso quando vos vi falar de outras coisas, de outros assuntos em que estavam de acordo.
Confesso que se certas pessoas assistissem a essas conversas provavelmente ficavam como eu fiquei muitas vezes: atarantado com a quantidade, qualidade e velocidade a que circulavam ideias e farpas por vezes venenosas mas sempre carregadas de inteligência e humor (sem recorrer ao cinismo e à ironia).
Discussões puras. pelo prazer da troca de ideias.
E agora tenho pena de não ter falado mais com o Mário. E lamento não o poder fazer nunca mais.