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Feelings (ou algo do género)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Paraíso




Uma porta que abre para um sonho
Onde se erguem espirais de som e luzes
E rostos que o tempo apagou

Um lugar onde o tempo deixou de correr
Onde todos se encontram
E as ausências são esquecidas

É nesse lugar que espero encontrar-te
À sombra dos dias que passaram
Sonhando os sonhos que o tempo não matou
Esperando por mim…

Paraíso...
Ou o que lhe queiram chamar

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Non Sense

Um sinal qualquer. Um raio de sol ou uma estrela cadente.
Um passo mais e estou à beira do fim de tudo
onde tudo começa e onde tudo acaba
e onde todos os sonhos e esperanças se reúnem…

Um suspiro percorre as ruas como vento
Anunciando a tempestade…

Caminho pelas ruas desta cidade estranha.
Vou ao acaso, sem destino e sem rumo
um gesto chama-me a atenção – uma palavra
ou um riso – uma canção.
Ou então um silêncio pesado – carregado de dor
de palavras que não são ditas de ameaças veladas
de violência – de indiferença…

Uma lágrima cai silenciosa pela tua face cansada.
Anunciando o fim.

Houve um tempo em que acreditei no poder do amor
e me entreguei ao teu abraço que me confortava…
Houve um tempo em que acreditei na força dos sonhos
e vivi à espera de os ver cumprirem-se
Houve um tempo em que acreditei na magia das palavras
então feriste-me com o veneno e a fúria das palavras
que disseste quando partiste…
E levaste contigo o amor e os sonhos que ainda tinha.
E deixaste-me vazio de tudo…

Um eco de passos apressados percorre as ruas cinzentas

Uma luz perde-se nas sombras

O rio parece ter parado de correr – como o tempo
Como esta cidade…

A madrugada surge lenta, vencendo as trevas da noite
Anunciando o novo dia

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fala do demónio da noite

Quando a luz da madrugada fere a noite que acaba
e a última estrela se apaga no céu da cidade
é hora de regressar ao meu abrigo e dormir -
sonhar os meus sonhos de morte e dor e sangue...
Amanhã será outro dia - outra caçada
procurando uma vitima nos corpos
que se dão à noite e ao desejo
Roubando-lhes o calor e a luz que arde neles
Roubando o tempo que lhes resta - os sonhos
e a esperança e o futuro...

Como faço desde sempre...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ruinas




Acabou o tempo dos sonhos e das promessas.
Começa a lenta descida para o Inferno – das palavras
dos gestos e silêncios que ferem como punhais.
E das noites sem fim…

Há uma fronteira que não devíamos poder ultrapassar
Uma barreira que devíamos erguer para nos poupar
a tanta dor e sofrimento…

Há sombras que me envolvem no silêncio desta casa
ecos nas salas desertas, memórias em cada espaço.
Um espelho que reflecte imagens de um outro tempo -
melhor, mais feliz … e uma música que envolve tudo,
uma luz difusa – ténue, que parece querer abraçar a casa
e apagar a dor que me acompanha…

se fosse possível – se houvesse como voltar atrás
e apagar as palavras que trocamos
as lágrimas que fizemos correr…
E recomeçar de novo – à sombra desta casa
parada no tempo…




Para ...

«Só o amor constrói», era uma das tuas frases preferidas. Outra era: «já ninguém morre por amor» ou «já não há românticos».
Dizias que o amor, «o amor verdadeiro raramente aparece, poucos são aqueles que tem a sorte de o encontrar uma vez na vida», e tu procuraste o teu. Vezes sem conta, em braços e corpos tão diferentes, e nunca paraste para olhar para mim, que estava ao teu lado, todos os dias, sempre que precisaste.

Uma vez, há já algum tempo, um amigo comum tinha acabado uma longa relação e dizia odiar a antiga companheira e tu disseste-me uma coisa de que eu nunca me esqueci.
«As pessoas confundem tudo. O ódio não é o contrário do amor, é apenas outra forma de amor. Diferente, dolorosa, distorcida e venenosa mas uma forma de amor. Se odeias é porque ainda tens sentimentos em relação a essa pessoa. Por norma quem odeia, na verdade o que sente é um amor não correspondido ou que por um qualquer motivo se recusa aceitar estar a sentir.
O contrário do amor é, e eu sei por experiencia própria, a indiferença. Sentir algo por alguém que nos ignora… que não sabe nem quer saber da nossa existência…
Acredita em mim, isso é o contrário do amor»

Agora falas de como não encontraste o verdadeiro amor, de como jogaste e perdeste. Agora que os dias estão a acabar. Que o corpo cansado se recusa a avançar. Há mais do que tristeza na tua voz. Mais do que uma fúria incontida. E eu não consigo identificar isso…

Ganhei coragem para te perguntar porquê? Porque é que nestes anos todos nunca me deste uma hipótese? E tu sorriste. Sorriste simplesmente e disseste: «eras o meu melhor amigo. Ainda és. Não te quis perder. Se houve uma coisa que aprendi às minhas custas foi que todas as relações têm um prazo de validade e quando acabam não fica nada, só ruínas… por isso quando amas não te podes entregar por inteiro, nunca. Ou depois é impossível reergueres-te…e tu sempre foste importante para mim, o companheiro, o amigo, e eu não te queria perder e não me podia entregar por inteiro, nem a ti nem a ninguém. Por medo, pelo que fosse…

Amanhã ou depois o tempo vai acabar para ti. Todos o sabemos… tu melhor que ninguém.
E quando tiver acabado vou ficar aqui, sem ti. Destruído por um amor que nunca quiseste aceitar. E já consigo sentir o meu mundo a desabar, a ruir…

«Só o amor constrói», era a tua frase preferida.
Só o amor constrói, e destruíste-te em busca desse amor que nunca alcançaste. E destruíste quem te amou nesse percurso…

Só o amor constrói? Talvez sim mas, por vezes, destrói mais do que se pode suspeitar…